domingo, 2 de agosto de 2020

Vendas e Comportamento: descobrindo o poder do "eu não sei"

Foto: Ravi Kumar (www.unsplash.com)

É muito comum ver nas redes sociais de hoje em dia, pessoas vendendo treinamentos e consultorias sobre os mais variados assuntos. Como ser um vendedor de sucesso, como se tornar um empreendedor, como acumular um milhão de Reais e por aí vai. Acho isso muito curioso e, sempre que posso, tento investigar a formação e experiência destas pessoas, para saber de onde vem tanto conhecimento.

Infelizmente o resultado destas investigações é, na maioria dos casos, decepcionante. É triste constatar que muitos daqueles que se propõe a ensinar empreendedorismo, por exemplo, nunca tiveram sequer uma empresa ou um negócio real qualquer. Outros que se apresentam como gurus das vendas, não possuem experiência relevante a não ser "vender cursos sobre como vender". E o mais incrível, estas pessoas realmente acreditam que são mestres nestes assuntos, mesmo sem autoridade, e são aclamadas por milhares de seguidores, que estão na mesma sintonia de superficialidade. O resultado vocês já podem imaginar.

A minha intenção aqui não é julgar ninguém. O objetivo deste artigo é apenas explorar um pouco esta questão psicológica, aplicada à prática, oferecendo alguns insights para profissionais de vendas. Para isto, vou recorrer ao estudo de um conceito criado há mais de 20 anos, muito antes da explosão de vídeos na internet: o efeito Dunning Kruger.

Efeito Dunning Kruger

Em 1999, Justin Kruger e David Dunning, dois psicólogos norte-americanos publicaram um estudo no jornal de psicologia da Universidade de Cornell, intitulado "Não qualificado e inconsciente: como as dificuldades em reconhecer a própria incompetência levam a autoavaliações exageradas"(Dunning e Kruger, 1999, tradução livre). A publicação, detalhada em 14 páginas, se baseou em entrevistas com centenas de pessoas, testando seus conhecimentos e habilidades em humor, raciocínio lógico e gramática. A conclusão principal do estudo, que mais tarde ficou conhecido como "Efeito Dunning Kruger", é de que existem pessoas que não possuem conhecimento sobre determinado assunto, porém acreditam ser mais bem preparados que outros indivíduos mais capacitados, ou seja, não reconhecem e não enxergam suas limitações pessoais, devido à sua própria incompetência, levando assim a tirar conclusões equivocadas e tomar decisões erradas.

Segundo Dunning e Kruger, pessoas altamente competentes normalmente reconhecem suas incapacidades, ou seja, não ignoram suas limitações e, por assim dizer, não são ignorantes. Isso me lembra aquela conhecida expressão "só sei que nada sei", que é´erroneamente atribuída a Sócrates, mas que de qualquer modo leva à reflexão sobre a humildade intelectual necessária para reconhecer nossas incapacidades. Ou seja, não sabemos tudo sobre tudo e isso não é um problema, na verdade é uma virtude sabermos aceitar que não sabemos de algo.

Vale acrescentar que este viés cognitivo psicológico existe de maneira inversa também, ou seja, pessoas com alta competência em determinada atividade podem sofrer de inferioridade ilusória, ou seja, tendem a acreditar que pessoas menos capacitadas são melhores que elas, quando realmente não são. É a Síndrome do Impostor.


Os gurus do coaching

Este tipo de fator psicológico de superioridade ilusória existe, é claro, além das fronteiras da internet. O mundo real nos apresenta profissionais com poucos anos de experiência em determinada função, mas que mesmo assim resolvem virar consultores ou praticar a atividade de coaching, que hoje se banalizou muito, como sabemos. É claro que existem excelentes coaches e consultores, com verdadeira experiência e formação na área, que possuem a real capacidade de ajudar pessoas. Não é possível generalizar neste tema.

Os coaches mal preparados da atualidade são um ótimo exemplo sobre a falta de consciência dos indivíduos em relação à sua própria capacidade. Como alguém que não vivenciou algo de maneira ampla ou estudou muito a fundo um assunto, se propõe a ensinar aos outros? Não acredito que seja má intenção, porém, me parece uma distorção entre a realidade e o imaginário, que leva exatamente a uma decisão equivocada de investir em uma carreira que dificilmente dará frutos sustentáveis.


O que as vendas me ensinaram sobre isso 

Vamos olhar para a superioridade ilusória, estudada pelos psicólogos em questão, em relação ao dia-a-dia. Por exemplo, é comum para quem exerce atividade de vendas ouvir que somos "tiradores de pedidos" ou que vender é fácil, especialmente vindo de indivíduos que nunca ocuparam estas funções de maneira formal. Eles acham que seriam facilmente bem sucedidos em vender, apenas pelo fato de já terem experimentado a realização de uma venda em alguma situação pontual, onde foram bem sucedidos. Deste modo, ignoram as tremendas dificuldades e desafios impostos pela atividade comercial, que requer muito estudo, treinamento, experiência e preparo psicológico. Uma verdadeira montanha-russa de ônus e bônus.

Peço licença para contar aqui uma experiência pessoal. No início da minha carreira em vendas industriais, com aproximadamente dezenove anos de idade, recebi uma grande lição do meu chefe. Ele sempre dizia que eu não deveria responder coisas que não sabia e, quando estivesse diante de uma situação de dúvida perante um cliente, que não seria nenhuma vergonha dizer simplesmente "não sei". Por outro lado, me ensinou também que deveríamos acrescentar outra coisa nesta frase: "não sei, mas vou verificar quem sabe para lhe responder". Para um jovem em início de carreira, cursando administração de empresas e inserido em um ambiente altamente ocupado por engenheiros e profissionais técnicos, foi uma lição muito valiosa. Esta prática do "não sei" realizada persistentemente por 20 anos me levou a um nível de conhecimento técnico - básico o suficiente - para exercer minha profissão e crescer na minha carreira. E também me ensinou a ser mais proativo e curioso, ou seja, "não sei, mas me interesso pelo seu problema e vou estudar e descobrir a resposta para lhe trazer mais tarde".

Esta busca pela humildade intelectual e da curiosidade para buscar as respostas é algo que não se ensina nas escolas ou no mundo corporativo atual. Hoje o estímulo maior é para a superficialidade, sobre parecer ser o que não é de verdade, aquele mundo virtual das redes sociais e das aparências. Tive a sorte de ter como mentor uma pessoa com sensibilidade de me ensinar a dizer "não sei", pois o instinto natural de um jovem inexperiente seria talvez dar uma resposta evasiva, tangencial, ou simplesmente dizer algo que eu achasse e não que eu tivesse certeza, o que provavelmente me fecharia mais portas do que abriria.

Insights para nós, vendedores
  • Aprender a reconhecer a nossa falta de conhecimento sobre um determinado tema
  • Não responder aos clientes sobre aquilo que não sabemos
  • Estimular curiosidade para aprender sobre assuntos que não somos especialistas
  • Ser proativo na busca das respostas assertivas aos clientes
  • Buscar ajuda dos outros e valorizar o conhecimento dos colegas
  • Filtrar histórico profissional e acadêmico antes de consumir conteúdo
  • Estudar sempre e ler livros para enriquecer nossos conhecimentos na área
  • Exercitar nossa humildade e reconhecer nossas fraquezas
  • Buscar opinião dos outros sempre antes de tomar decisões importantes

Reflexão final

Acredito que este conceito vale para qualquer área de nossas vidas. Proponho à vocês uma reflexão sobre o assunto, tomando o cuidado de não julgarmos os outros e concentrando os nossos esforços em identificar o efeito Dunning Kruger em nós mesmos. Quem sabe possamos praticar o "não sei" com mais frequência, para que possamos nos tornar profissionais e indivíduos melhores. 

Já comentei acima que a frase "só sei que nada sei" não é de Sócrates, literalmente. Mas para encerrar, deixo aqui um trecho de diálogo de Sócrates, narrado por Platão em seus escritos, trazendo a ideia do filósofo sobre o tema (créditos: canal "Isto não é filosofia"):
 
"A partir daí me tornei odioso a muitos dos circunstantes e, indo embora, fiquei então raciocinando comigo mesmo - sou sim mas sábio que esse homem; pois corremos o risco de não saber, nenhum dos dois, nada de belo nem de bom, mas enquanto ele pensa saber algo, não sabendo, eu, assim como não sei mesmo, também não penso saber... É provável, portanto, que eu seja mais sábio que ele numa pequena coisa, precisamente nesta: porque aquilo que não sei, também não penso saber". (PLATÃO, Apologia à Sócrates). 

Seguem links das referências citadas.

Estudo de Dunning Kruger (em inglês):
 
Canal Isto não é filosofia:
"Só sei que nada sei" - a frase que Sócrates nunca disse | História da Filosofia

Um abraço a todos e boas vendas!

Marcelo Zimmaro

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Vendedores introvertidos: é possível que tenham sucesso?


Primeiro uma definição: segundo Carl Jung, a introversão é uma atitude do indivíduo caracterizada pela orientação ao seu mundo interior. Já o extrovertido é aquele que concentra suas ações no mundo exterior.

Se perguntarmos a dez gestores de vendas, quais são as características mais importantes na contratação de um vendedor, pelo menos nove deles irão mencionar a extroversão. Queremos vendedores extrovertidos o suficiente para se comunicar bem com nossos clientes, não é mesmo?

Reconheço, é difícil pensar em um bom vendedor introvertido. Mas gostaria de trazer um outro ponto de vista sobre esta questão, aproveitando que acabei de ler um livro chamado “O poder dos quietos”, da psicóloga norte americana Susan Cain, que dedicou boa parte de sua carreira ao estudo dos introvertidos.

Ela conta como os introvertidos são mestres em fazer grandes mudanças e inovar (acredite!), em grande parte pelo seu maior foco, senso crítico e visão estratégica. Mas para mim a mais importante das características é a persistência: pessoas consideradas introvertidas não desistem de um desafio com facilidade, segundo estudos apontados por Susan Cain.

A autora compila no livro vários estudos científicos, trazendo também vários exemplos de pessoas introvertidas que transformaram o mundo de alguma forma, como por exemplo Albert Einstein, Abraham Lincoln e Bill Gates. Ela conta também como líderes extrovertidos, com toda sua capacidade de comunicação e persuasão, muitas vezes podem acabam levando os outros a seguir decisões equivocadas.


Livro de Susan Cain (2012)
Quiet: The Power of Introverts in a World That Can't Stop Talking

É bom esclarecer que na régua de introvertido e extrovertido, ninguém está 100% no extremo. De modo bastante simplista e sem entrar na complexidade psicológica do tema, todos nós temos um pouco de introversão e extroversão, podendo pender um pouco mais para um dos lados. Existem alguns testes que ajudam na identificação do perfil, um dos mais conhecidos é o Indicador de Myers-Briggs.

Trazendo isso para a composição de uma equipe de vendas, me parece bem razoável ter indivíduos de personalidades diferentes, que se complementem, segundo os objetivos da organização, sem esquecer de incluir os introvertidos. Listo abaixo alguns benefícios mais evidentes dos vendedores introvertidos:

  • Vendedores introvertidos são melhores ouvintes e com isto tem melhor desempenho em vendas complexas e técnicas, onde falar muito às vezes pode atrapalhar.


  • Em negociações importantes ou apresentações, certamente a introversão do vendedor ajudará ele a se preparar melhor. Ele irá montar uma estratégia minuciosa e detalhada, movido pelo medo de que algo dê errado.


  • Persistência é o que mais me chama a atenção. Este comportamento é um divisor de águas para o sucesso em vendas, principalmente em vendas de ciclo longo, ambientes competitivos a persistência fará a diferença. E os introvertidos são os melhores nisto. 


  • Indivíduos introvertidos pensam antes de falar e raramente se colocam em situações constrangedoras. Além disso não gostam de falar de banalidades, são mais objetivos e ao contrário do que se pensa, gostam de conversar quando o assunto tem profundidade.

Para concluir, quero reforçar que os extrovertidos possuem também sua grande importância, excelentes vendedores e líderes possuem este perfil. A ideia aqui foi apenas mostrar a importância da diversidade de personalidade em um mundo dos negócios onde a introversão é vista como uma doença e muitas vezes é confundida com timidez, o que é totalmente errado. Se você reconhece um introvertido em sua equipe, mande para ele este artigo!

Um abraço, sucesso e boas vendas!

Marcelo Zimmaro


sexta-feira, 29 de junho de 2018

A arte de saber ouvir

A maioria das pessoas sabe a importância de ouvir o outro, seja nas relações pessoais ou profissionais. Já dizia o filósofo: “A natureza deu-nos somente uma boca, mas duas orelhas, de modo que nós devemos falar menos e escutar mais”.

E não basta escutar passivamente, deixando as palavras entrarem por um ouvido e saírem pelo outro. Bons ouvintes não são mudos. Para um bom diálogo, é preciso praticar a tal da escuta ativa, uma técnica que consiste em prestar verdadeira atenção no que as pessoas estão lhe dizendo. Ao fazer isso, torna-se possível interpretar, compreender e emitir sinais do seu entendimento ao interlocutor, demonstrando que você se importa.

É comum ver conversas onde os comentários e respostas são desconexos, tornando-se uma espécie de monólogo múltiplo. Ou seja, pessoas falando sozinhas umas com as outras, sem interagir com o ponto de vista do outro. Estranho, não é mesmo?

Quando trazemos este tema para o ambiente de vendas, podemos refletir sobre como o comportamento da escuta ativa ajuda nos resultados:

Escutar ativamente não é ficar quieto
Engana-se quem pensa que saber ouvir é ficar quieto e concordar com tudo, como um bajulador puxa-saco. Escutar ativamente é prestar atenção ao que é dito e também fazer perguntas que mostram ao outro que você está seguindo o raciocínio. Mesmo que tenhamos uma opinião contrária ou divergente, é possível encaixá-la na conversa no momento apropriado.

Real interesse em ajudar
Muitas vezes os clientes entram resistentes em uma reunião de negócios. Em alguns casos estão “armados até os dentes”, prontos para questionar tudo o que você disser. É mais inteligente demonstrar seu real interesse em ajuda-lo e deixar o cliente expor seus problemas. Quando o cliente sente esta confiança, certamente irá baixar a guarda.

Estudar o terreno
Se você não conhece quase nada sobre o cliente, escutá-lo ativamente é ainda mais essencial. Se você começa falando sem ouvir, há um alto risco de suas ideias não serem aceitas, pelo simples fato de você não estar em sintonia com a forma de pensar da pessoa.

Obter informações secundárias
Muitas informações secundárias podem ajudar em um processo de negociação ou na tomada de decisão. Se ouvirmos atentamente o cliente, maior é a chance de conhecermos particularidades, tais como experiências anteriores, preferências pessoais ou interesses em comum. Falar demais joga contra!

Criar uma relação agradável
Se o vendedor fala como uma metralhadora, a reunião será mais curta e o cliente terá mais vontade de se livrar do inconveniente. Quando há escuta ativa, normalmente ocorre um diálogo agradável, que por sua vez gera empatia e por fim um diferencial competitivo para o vendedor.

Saber o que o cliente valoriza
É obvio, mas precisa ser dito. Se não ouvimos, é difícil adivinhar o que o cliente valoriza. Sem saber em detalhes quais pontos são mais importantes de serem abordados em uma conversa, podemos perder precioso tempo explicando e justificando coisas sem valor para o outro lado.

Concluindo: saber ouvir pode ser difícil no início, você acaba virando saco de pancada de gente que só sabe falar, mas a longo prazo os resultados são positivos. Para as vendas e para a vida!

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Boas vendas e um abraço a todos!

Marcelo Zimmaro
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domingo, 22 de outubro de 2017

O que está por trás de um negócio perdido?


Primeira coisa. Esqueça aqueles consultores motivacionais que dizem apenas para você “vencer e jamais aceitar uma derrota”. É um tipo de psicologia barata e improdutiva, na minha humilde opinião.

Mas vamos ao caso. Você persegue um possível negócio há semanas. Tem tudo para ganhar o pedido: preço competitivo, bom relacionamento, solução técnica adequada e tudo mais. Depois de todo este trabalho, o cliente agradece a sua colaboração e informa que comprou de outro. Perplexidade é a palavra!

Isso aconteceu comigo muitas vezes e a reação instintiva é sempre de decepção. Mas devemos respirar fundo e enxergar estes momentos como uma oportunidade para melhorarmos nossa performance. Compartilho com vocês algumas ideias a respeito.

Clientes não pensam como você
A decisão de um cliente é complexa e jamais teremos acesso a 100% das variáveis que passam por sua mente. Na indústria e no B2B é ainda mais difícil, pois é uma decisão coletiva, o que multiplica estas variáveis. O desafio é descobrir o que realmente está em jogo do outro lado. O fator decisivo nem sempre é tão óbvio, como preço, qualidade ou prazo. Às vezes um detalhe técnico ou uma pequena concessão podem decidir grandes negócios.

Os concorrentes não são estáticos
Parece algo banal, mas é comum vendedores acharem que estão jogando xadrez sozinho e o adversário não está movendo as peças. Doce ilusão. É preciso ajustar sua estratégia e antever a jogada do concorrente, passo a passo. E o cliente? Ele está olhando tudo de cima, do camarote, vendo todos os erros e os acertos de cada um. Portanto a dica é: conheça muito bem seus concorrentes a ponto de prever suas táticas e tenha bom relacionamento com o cliente para conseguir obter informações que lhe ajudem na negociação.

Raramente o preço é o único motivo
Justificativa padrão para perder negócios: preço. Todo mundo fala isto: clientes, concorrentes, vendedores, compradores. Eu diria que 90% dos casos tem algum fator a mais além do preço. Algo subjetivo e que passou desapercebido. Ou seja, a dica é fugir desta desculpa fácil e sempre ficar atento a outros fatores associados à decisão do cliente em uma compra. Se possível pense nisso antes de perder.

Saber perder 
Esta é uma questão emocional. Clientes tomam decisões erradas algumas vezes, precisamos aceitar isso! Não é nossa responsabilidade. Saber respeitar a decisão é mais inteligente do que tentar provar para ele o contrário. Já cometi este erro antes e isso fecha portas. No futuro este mesmo cliente pode voltar a ser seu, em outro contexto mais favorável. O mais importante é deixar as portas abertas.

O que poderia ter feito diferente
Analisar os fatos depois do “leite derramado” é relativamente fácil porém precisa ser feito com atenção. Você certamente encontrará diversas brechas na forma como conduziu o negócio. E deve fazer isso para aprender. A dica é, nunca faça este exercício sozinho, faça com mais pessoas, de preferência que não estiveram envolvidas diretamente no caso. Desta forma, você poderá extrair um melhor aprendizado.


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Boas vendas e um abraço a todos!

Marcelo Zimmaro




domingo, 10 de setembro de 2017

Equipes não são para sempre. E nem devem ser!

Recentemente perdi alguns talentos importantes que trabalharam longos anos comigo. E devo confessar que sofri um bocado com esta situação. Nos primeiros instantes me deu aquela sensação de angústia, desânimo e uma certa preocupação em relação ao futuro. Mas logo em seguida cobrei a razão e pude perceber que o ciclo destes profissionais havia chegado ao fim e com isto novas oportunidades haviam sido abertas, tanto para quem fica como para quem sai da equipe. Gostaria de falar um pouco mais sobre isso.

Há pouco mais de 12 anos, assumi um papel de liderança formal. Desde então, venho trabalhando com muita gente diferente e interessante. E as pessoas são assim, cada uma do seu jeito. É difícil e trabalhoso, mas lidar com gente é algo que me atrai verdadeiramente. 

Ser líder implica em lidar com estes perfis diferentes e também com mudanças, o tempo todo. Recrutar gente nova, demitir "laranjas podres", promover e apoiar talentos. Conciliar interesses - algumas vezes conflituosos - entre organização e colaboradores. Olha, vale dizer que nem sempre consigo ser o líder que eu gostaria de ser...

Então chega o momento que perdemos talentos, nos quais investimos nossa energia. Nestas horas, nos damos conta de que equipes não são para sempre. E nem devem ser. Todos passamos por ciclos de vida e é preciso respeitar esta lei universal.

Daí vem alguém e diz  “ninguém é insubstituível" ou "tem uma fila de gente querendo emprego". Sim, é verdade. Porém, pode ser um grande desafio para um líder administrar situações de perda. Principalmente quando você perde um artilheiro, um goleador. Alguém que faz a diferença.

Voltando para a questão, penso que pessoas não são insubstituíveis e ao mesmo tempo não são substituíveis. Explico a antítese: Uma posição qualquer, seja de engenheiro, músico, médico ou vendedor, todas podem ser facilmente substituídas. Mas a pessoa que passou por aquela posição é única e não pode ser substituída por mais ninguém, pois ela imprime marca pessoal e intransferível, seja ela positiva ou negativa, como se fosse uma tatuagem. Alguns chamam isso de legado.

Com relação às perdas que sofri recentemente, após uma autocrítica honesta, cheguei à conclusão de que não havia nada (ou muito pouco) que eu pudesse fazer para evitá-las de maneira prática, ou seja, não dependia de mim, entendi que não posso e nem devo querer controlar tudo, devemos apenas estar preparados para este tipo de situação. Por outro lado, aproveitei esta chance para listar algumas coisas que eu deveria me preocupar em relação às pessoas:
  • Estar preparado para as inevitáveis mudanças
  • Identificar os talentos extraordinários: nem sempre isso está claro...
  • Colocar os talentos certos nos lugares certos: óbvio, porém importante!
  • Manter um feedback honesto e frequente: básico e pouca gente faz
  • Expandir os limites da posição ocupada por um talento
Este último item merece explicação. Quando falo em expandir os limites de uma posição, estou pensando na proposição de novos desafios. Estou pensando em mais autonomia. Estou pensando em confiança. Estou pensando em deixar a pessoa crescer. Enfim, dar condições para voos mais altos.


Um talento "grande" em uma posição "pequena" demais pode se desmotivar facilmente. Assim o líder eficiente deve ter atenção sincera à carreira de cada membro de sua equipe e fazer sua parte para contribuir o tanto quanto possível para seu desenvolvimento. Deve ser parceiro nesta missão e não um fator limitador. Acredito muito nisto. 

Uma equipe de alto desempenho é questionadora e inquieta. E deve ser assim mesmo, pois haverá a certeza de contarmos com as melhores versões de cada pessoa. Uma equipe acomodada e conformada é um perigo para a boa gestão.

Concluindo: para quem está em posição de liderança, o mais importante é ter consciência de seu papel e trabalhar de forma verdadeira para o desenvolvimento das pessoas. Nem que isso custe às vezes “perder” alguns talentos pelo caminho...

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Marcelo Zimmaro


quinta-feira, 29 de junho de 2017

Porque a PROSPECÇÃO de clientes incomoda tanto os vendedores?

Hoje quero falar um pouco do meu fracasso. Minha primeira experiência com prospecção foi em 1999 foi em uma empresa de marcas e patentes e minha função era vender por telefone serviços para pequenas empresas.

O processo funcionava assim: pesquisa de empresas na lista telefônica, consulta do registro da marca no órgão responsável e envio de uma carta personalizada explicando os problemas do cliente que seria resolvidos. Em seguida, fazíamos um follow-up, visita pessoal e por fim o fechamento. Lembro de ficar impressionado com os vendedores mais velhos, que conseguiam resultados incríveis seguindo este método. E eu fracassei, vendi pouco e fiquei com uma certa aversão a este tipo de atividade.

Hoje eu percebo que não entendia aquele processo, não sabia lidar com o “não” dos clientes. Não tinha a maturidade necessária e desejava um trabalho administrativo. Que ironia do destino, pois eu passaria os 18 anos seguintes em vendas. Descrevo neste artigo um pouco do que aprendi neste tempo sobre prospecção.

Porque clientes consideram alguns vendedores como um incômodo?
Quando um vendedor faz uma prospecção, é como se ele caísse de paraquedas na frente do cliente. É inesperado. E não queremos vendedores indesejados. Queremos buscar produtos apenas quando temos vontade. Hoje vivemos em um mundo onde as informações já não podem mais ser enfiadas goela abaixo. Valorizamos a liberdade do Google, Netflix e Youtube.

E os vendedores, eles não querem prospectar!
Para o vendedor, a prospecção pode ser uma tarefa ingrata. E muitas vezes é ingrata mesmo. A taxa de conversão é baixa. O cliente não tem tempo para você. Recebemos apenas "não" como resposta. Isso é compreensível, pois nem sempre estamos na hora certa, no lugar certo e falando com a pessoa certa. Prospectar exige esforço e técnica para que funcione bem. Não é para qualquer vendedor mesmo...

Onde achar clientes para prospectar
Claro que a internet e o networking são ferramentas mais óbvias. Mas também vale usar a criatividade, observar fachadas de empresa, caminhões de entrega, embalagens de supermercado, revistas segmentadas, jornais e associações. O mais importante é estar sintonizado com o mercado e, se a gente está ligado o tempo todo, as oportunidades aparecem. Depois é só ter disciplina para entrar em ação, sistematicamente.

A preparação é importante
Antes de sair batendo nas portas, é crucial fazer um filtro. Pesquisar sobre a empresa e entender um pouco o negócio dela e do mercado em que atua. Nesta fase é possível sentir se o cliente é qualificado. Caso positivo, siga em frente!

Criar um método próprio
Não existe regra geral, portanto desenvolva seu próprio método. Construtoras vendem apartamentos distribuindo panfletos no farol. Já na indústria é diferente, é preciso abordar vários níveis dentro do cliente, começando pela área técnica. Para quem é da indústria, sugiro não começar uma prospecção pelo departamento de compras. Evite também as tradicionais apresentações por e-mail, isso não funciona. Teste vários formatos diferentes e reproduza aquilo que está dando certo para você.

Persistência
É muito fácil desistir da prospecção, é como chutar a bola para fora do gol muitas vezes. A falta de sincronia entre o momento do vendedor e o do cliente não ajuda, como já falamos antes. Mas é preciso manter a persistência e a disciplina, pois em algum momento a bola entra no gol. E um único gol pode fazer toda a diferença.

Cuide do psicológico
Uma dica é compartilhar resultados positivos e ao mesmo tempo ter consciência de que é difícil prospectar. Devemos saber que haverá frustração, que ouviremos mais “não” do que “sim”. Muita bola fora do gol. Esta preparação da mente cria uma armadura emocional que nos torna mais fortes e perseverantes.

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Marcelo Zimmaro


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sábado, 13 de maio de 2017

Um bom time de vendas ou um bom produto?

O que é melhor, uma equipe de vendas eficiente e proativa ou um excelente produto? Pense bem na resposta. É claro que seria muito fácil dizer: as duas coisas! Mas não é disso que estou falando, caros leitores. Quero saber o que vem primeiro, o vendedor ou o produto?

Você sabe pilotar uma Ferrari?

Todos nós já ouvimos algum dia a expressão “um bom produto se vende sozinho”. Confesso que minha primeira reação é negativa ao me deparar com esta afirmação.

Esta frase pode nos levar a interpretar que o vendedor tem um papel menor, menos importante, secundário na organização. E que o mérito da venda vem da ótima experiência que o cliente tem (ou teve) com o produto. Afinal, para que vendedor se o produto se vende sozinho?

Parte desta filosofia pode vir de empresas nas quais a maior parte dos seus clientes são existentes e, portanto, compram recorrentemente. E o bom produto ou serviço terá sua fama naturalmente propagada por clientes satisfeitos. Isso é verdade e talvez isso explique a origem deste pensamento.

Além disso, o marketing está por trás, contribuindo com a comunicação, estratégia, promoção, construção de marca, etc. Isso tudo ajuda a conquistar e manter clientes, como diria Philip Kotler.

E o vendedor, onde entra nesta história? Muitos dirão que seu papel é apenas tirar pedidos. Mas vocês irão concordar comigo que o papel da área de vendas é fundamental, em qualquer situação. Seja o vendedor do tipo farmer (que busca ampliar os negócios nos clientes existentes) ou um hunter (caçador de novas oportunidades).



Prometo tentar responder algumas coisas ao final deste artigo. Para facilitar o raciocínio, criei a “matriz de valor do vendedor”.  Em um dos eixos você tem a “aceitação do produto”, que é na verdade o quanto sua empresa é apreciada. Pode englobar fatores como qualidade, preço, mercado, economia, etc. No outro eixo você tem a qualidade do vendedor, simplificada apenas como ruim ou excelente, de modo subjetivo.

Um detalhe, você pode ter pensado “qual o critério para dizer se o vendedor (ou a equipe de vendas) é bom ou ruim, como ter certeza se aceitação do produto é boa ou não?” Olha, isso não é um estudo científico. É apenas um conceito, que deve levar em conta o feeling e o contexto individual. Use sua humildade e sinceridade para analisar.

Dois quadrantes são claros e óbvios: vendedor ruim e produto ruim geram resultados ruins. Vendedor bom e produto bom geram resultados bons.
Mas vamos analisar algumas sutilezas dos outros dois quadrantes. Isso nos ajudará a entender o valor do vendedor e do produto em escala de importância.

Vendedor ruim x produto bom
É evidente que não adianta apenas ter um bom produto. É preciso alguém que complete a transação. Neste cenário, é possível ter resultados, porém serão insatisfatórios. Quando chega uma crise de mercado, a empresa vai sofrer mais. Pode até ter uma excelente comunicação de marca, um excelente produto. Mas se não tiver uma equipe de vendas preparada e de bom nível, os clientes não vão repetir a compra. A falta de relacionamento irá dificultar. Os clientes não vão entender o tamanho do valor do produto. É preciso um vendedor eficiente para fazer esta ponte.

Vendedor bom x produto ruim
Este vendedor conseguirá resultados, sim. Será reconhecido. Ganhará bons prêmios de vendas. Mas a que custo? Seu esforço será grande. Cada venda será uma luta. Ele “morrerá” a cada dia, lentamente. Levará a bandeira da empresa nas costas e ficará com uma marca ruim em si próprio. Desejo boa sorte a este herói! Venha trabalhar comigo!

Conclusão
Eu quis mostrar neste artigo a importância da equipe vendas no resultado, em diferentes cenários empresariais. Mesmo quando a sua marca é muito reconhecida, é preciso de gente que saiba aproveitar este benefício. Não adianta ter a melhor Ferrari, se você não tem um bom motorista que possa pilotar. Dê uma Ferrari a uma pessoa despreparada, você verá o que acontece. Funciona assim com a empresa também.

Portanto, o que vem primeiro, o produto ou o vendedor? A resposta: depende. Depende do quadrante onde você está mais ou menos inserido na matriz. Depende do potencial que você tem para mudar as coisas. Depende do quanto você acredita no projeto que está inserido. Depende da sua função e responsabilidade.

Mas eu diria que – em geral - vem primeiro o vendedor. Com uma boa equipe de vendas, os resultados virão. Mesmo que seu produto não seja lá estas coisas, você terá condições de reinvestir e evoluir em todo o resto. Sem a venda, nada acontece. Não acho que vendas faz nada sozinho. Mas quem traz os pedidos para dentro de casa merece valorização, investimento e respeito!

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Marcelo


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