terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O drama da motivação no trabalho

Por favor, peço que você se acalme. Este não é um artigo de autoajuda e nem quero falar dos velhos clichês sobre motivação, que todos nós estamos cansados de ouvir e ler.

Gostaria de abordar a questão da motivação sob uma perspectiva mais prática, reflexiva e que possa ser imaginada dentro do mundo empresarial.

Então primeiro vamos definir "motivação": de acordo com a etimologia, a palavra motivação deriva de movere (latim), que significa mover. Se você tiver a curiosidade de consultar o dicionário, lá estará uma bela definição: "espécie de energia psicológica ou tensão que põe em movimento o organismo humano, determinando um dado comportamento". Pode ser definido também como a execução de uma determinada ação baseada em motivos que a impulsionem. Seja qual for a explicação, estamos falando de movimento, atitude, se mexer e fazer acontecer.

A reflexão que proponho é a seguinte: quem é responsável por gerar a motivação dentro de um time? O líder imediato? Os colegas? A organização como um todo?

A resposta aparece em muitos artigos e também em livros de grande repercussão: "os líderes precisam motivar suas equipes". Afinal, eles estão lá para isto, certo? Errado! Na minha opinião, pelo menos, não é bem assim que as coisas funcionam.

Para haver motivação, acredito em uma combinação de fatores interiores (propósitos, valores, objetivos) e fatores exteriores (remuneração, ambiente organizacional). Os fatores interiores são aqueles intrínsecos, pessoais, que estão dentro de nós. Os fatores exteriores são aqueles fora do nosso controle, relacionados à organização. 

O que é mais importante para a motivação? Seu comportamento ou o ambiente que o cerca? Neste sentido, entendo que o aspecto interior de comportamento tem muito mais força se comparado com o ambiente, até porque os fatores exteriores podem ser consequência e não causa da desmotivação.

O principal responsável pela motivação é você mesmo, isso é algo que vem predominantemente de dentro de você e não de fora. Não delegue isso para seu chefe. Vou tentar explicar abaixo os motivos.

Vejamos primeiramente os fatores externos: Você trabalha em um lugar onde não há o mínimo de segurança e conforto, o salário é ruim, o chefe lhe desrespeita e a empresa não cumpre os compromissos assumidos. Fica difícil se motivar, mesmo com toda boa vontade do mundo. Claro que estou exagerando e na maioria dos casos você não vai vivenciar esta combinação tão desastrosa.  Mas eu lhe digo então, motive-se mesmo assim! Motive-se a procurar outro emprego! Faça isso ao invés de delegar a responsabilidade do seu desânimo ao ambiente onde você está inserido. Observe, portanto, que o fator externo depende em grande parte de sua própria escolha. 

Agora reflitamos sobre os fatores internos: Considero que um dos pontos-chave é fugir da armadilha da expectativa de reconhecimento. As pessoas pensam "sou bom, faço coisas maravilhosas e ninguém me reconhece, por isto estou desmotivado". Mas precisamos lembrar de fazer as coisas certas pelos motivos certos. Atender bem o cliente por um legítimo interesse em ajudá-lo. Buscar as metas para se aperfeiçoar e estar preparado para as oportunidades que virão. Fazer isto por satisfação pessoal e fidelidade aos propósitos, valores e objetivos. Não agir corretamente apenas pensando em ganhar o parabéns do chefe ou uma promoção. O segredo é criar assim sua própria armadura emocional, fazer o que deve ser feito e minimizar expectativas. Os benefícios virão naturalmente.

Confesso que o meu raciocínio não foi sempre assim. Certa ocasião, há mais de 10 anos, eu resolvi dividir com meu chefe minha desmotivação, a qual eu acreditava que a empresa poderia resolver. Resolvi pedir ajuda e ele me disse: "Marcelo, a sua motivação é problema seu!". Na época não entendi e fiquei bastante frustrado. Mas depois de algum tempo compreendi e hoje agradeço a lição recebida.

Por fim, tenho convicção de que este exercício de entender os fatores internos nos protege e reduz as pressões, que são inevitáveis, especialmente no ambiente de vendas.

Possivelmente você não concorde com estas ideias e eu devo respeitar. Talvez esta seja uma visão poética e pouco acadêmica sobre o assunto, baseada apenas em experiência pessoal e tenho consciência disto. Por outro lado, tenho certeza de que este artigo pode estimular no mínimo uma reflexão sobre o assunto.

E na próxima vez que pensar em ficar desmotivado, lembre-se: a culpa é sua! E se sua equipe está desmotivada, pode ser que a culpa seja sua, pelo menos em parte.

Deixe seu comentário ou me envie um e-mail para zimmaro@hotmail.com, terei prazer em ouvir suas opiniões a respeito.

Um abraço e um 2016 motivante para todos!

Marcelo



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